CINEMA AFRICANO NO TELA BOTEQUIM: CLASH (2016)

Pessoas presas em Clash
Em Clash, pessoas de diferentes vertentes políticas passam o dia no camburão da policia do Egito.

O filme Clash é o primeiro filme africano a aparecer aqui no Tela Botequim. A produção egípcia pretende mostrar, de uma forma diferente, os dias seguintes à deposição do presidente Mohamed Morsi, ligado à organização Irmandade Muçulmana.

A história começa nos mostrando um ambiente tenso na capital do país, onde ocorrem duas manifestações de grupos antagônicos. De um lado temos parte da população civil que apoia o recém-instituído governo militar no Egito e do outro, um grupo ligado à Irmandade Muçulmana e que pede a volta do líder deposto.

Em meio aos protestos, dois jornalistas são presos dentro de um camburão da força policial e ficam à espera para serem levados para o presídio. Porém, a situação que já era tensa, promete piorar. Pois durante um pedido de ajuda eles são considerados traidores pelas pessoas a favor do atual regime e são atacados com pedras. Para conter a revolta, os polícias detêm alguns manifestantes e os colocam no mesmo local dos jornalistas.

Durante o trajeto até a prisão, os veículos militares são surpreendidos por um protesto de pessoas ligadas à Irmandade Muçulmana. Após intenso conflito, mais algumas pessoas são colocadas dentro do mesmo camburão, totalizando 15 pessoas confinadas no mesmo espaço.

Se a situação no país é tensa, dentro do camburão da polícia não seria diferente. Pois, com grupos antagônicos confinados no mesmo lugar e sob imensa tensão, as diferenças começam a aparecer e qualquer discordância pode ser motivo para uma briga intensa.

Com o passar do tempo e a indefinição da situação, o convívio começa a ficar mais pacifico. Pois, apesar das diferenças, dentro do confinamento todos são egípcios e estão lutando pelo mesmo objetivo, sobreviver à repressão policiai e a um ambiente hostil, tanto dentro quanto fora do camburão policial.

A situação começa a ficar ainda mais complicada para os detidos conforme a tensão externa se agrava. Durante passar do dia em que estão confinados, eles passam a ser alvos de ataques de partidários da Irmandade Muçulmana, com direito a tiros, pedras e bombas. Mais do que estarem do lado certo da história, a principal preocupação é chegarem vivos ao final do dia. Será que eles vão conseguir?

Clash é um ótimo filme que traz um recorte bem interessante sobre os momentos de tensão vividos no Egito durante e nos anos seguintes à Primavera Árabe e as consequentes disputas pelo poder que dividiram o país. O ponto alto do filme é que ele se passa dentro do camburão da polícia e só temos uma noção do que está acontecendo e do passar do tempo através das janelas do veículo.

 

Conflitos do Cairo em 2013
Em 2013, o Egito virou uma praça de guerra após a queda do presidente Mohamed Morsi.

O EGITO E A PRIMAVERA ÁRABE

A Primavera Árabe foi um conjunto de movimentos populares que trouxeram mudanças importantes em países o Oriente Médio e regiões próximas. No Egito, o movimento começou após o sucesso de um movimento popular que derrubou o presidente da Tunísia Zine El-Abidine Ben Ali. A principal exigência dos egípcios era o fim da ditadura do presidente Mohammed Hosni Mubarak, há 30 anos no poder e a instituição de eleições diretas.

Irmandade Muçulmana Após a queda de Mubarak, Mohamed Morsi foi eleito presidente do Egito, porém ficou pouco tempo do poder.  O líder ligado do grupo Irmandade Muçulmana ficou pouco tempo no poder, pouco menos de um ano. O grande motivo para a queda do recém-presidente eleito foi que setores da sociedade, principalmente partidos liberais e representantes católicos organizaram manifestações por não concordarem com o líder islâmico para o país. Devido à repressão violenta ele foi destituído do poder e hoje responde na justiça por seus atos.

Veja o trailer oficial de Clash

 

 

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